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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

RÁDIO. A fábula moderna da cigarra AM e da formiguinha

Era uma vez uma antiga cigarra chamada AM que vivia na verde mata. Embora guardasse a beleza em seu canto, na atualidade parecia não conseguir mais a empatia de outros tempos. 

Hoje, uma dessas cigarras recebeu apelo de uma carente formiguinha, necessitada da solidária ajuda de um ser da mata que lhe doasse generosamente uma folha, para um hospitalar repouso em seus dias de sofrência. Queria que a cigarra irradiasse ao mundo o seu apelo. 

Ouviu-se a cigarra chiar, chiar, chiar, chiar aquele pedido, mas não conseguia o intento. Um inconsequente grilo juntou sua voz à dela. E exagerou na dose ao pedir de forma piegas, a pronta resposta do público. 

O grilo estrilou o máximo possível, fez de conta que chorava. Clamou aos céus os recursos divinos, cobrou ao deus da mata e aos santos duendes para influenciar a audiência - e, mesmo assim, a floresta parecia impassível.  

Depois de longos e ininterruptos 45 minutos, conseguiu-se levantar a grana para a compra do objeto em vista. Ouviu-se, então, um troar de loas, vivas e aleluias - a floresta, finalmente, respondera com um 'milagre'.    

Noutros tempos, quem diria, dona cigarra AM já fora mais poderosa. Sua força era inigualável. Seu canto calava a mata. Bastava um pequeno chilrear seu para que, rapidamente, os bichos todos se solidarizassem. 

Nos dias atuais, ela própria reconhecia conviver com uma grande crise. Crise de credibilidade. Da perda de audiência. Da falta de criatividade. Afinal, a mata inteira têm ouvidos atualmente para outros cantos e interesses. E a sua comunicação está defasada. 

'Não seria o caso de a cigarra reciclar-se', é o que no fundo da mata interrogou uma ave sábia que vivia corujando a AM. 

MORAL DA HISTÓRIA: o rádio já foi usado de forma mais respeitosa. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

ARTIGO. Para quem vai beber hoje à noite

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Márcia Paulino, leitora do GENTE DE MÍDIA, me solicita republicar um artigo meu que escrevi no ANTENA PARANÓICA sobre a questão do alcoolismo. Na ocasião eu li no programa de rádio da AM DO POVO. 
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[...] ouvi no seu progama de radio pela Am do povo. uma especie de parabola sobre o alcolismo, que me lembro somente que se tratava se nao me engano, de uma " conversa do diabo com homem," a proposito do ato de embriagar- se. por favor nao e que voce gentilmente poderia procurar no seu bau, das recordacoes e publicar no seu blog? gostaria muito de (dessa vez ) ler, pois participo de um grupo de alcolicos anonimo e penso que seria de ajuda fazer uma reflexão atraves dessas cronicas, mesmo que muitas vezes nao necessariamente real.
9 de março de 2012 14:09 "

A lenda do santo demonio
Nonato Albuquerque
 

Já disseram que aquilo de bêbado num tem dono, mas nem por isso os papudinhos largam a garrafa. Nem com a gota da mulesta eles param de beber. Largar do vicio, ih, é difícil! Quando isso acontece, dizem os mais encalacrados, ex-pinguço deixa de BB e se matricula no AA. "Puro retrocesso escolar", argumentam com uma ponta de sarcasmo.

Pouca gente, porém, conhece a origem do alcoolismo entre as pessoas e o pacto firmado pelo diabo com o bicho-homem ainda nos tempos da criação do mundo.


Conta-se que Deus queria saber como andava sua obra. E anunciou uma festa no céu para todos os seres vivos. Todos os bichos podiam entrar, menos o anjo Lúcifer que andara aprontando das suas e fora banido do condomínio celestial. Quando soube dessa proibição, o diabo ficou com o cão nos couros. Jurou que iria à festa de qualquer maneira e se vingaria de Deus atraindo para as suas hostes, a melhor das suas criaturas. Pegou o "cãolendário´, informou-se sobre o dia, hora e lugar e, deu uma infernal gargalhada, ao saber que se tratava de uma festa à fantasia.


- Festa à fantasia! Uau!" Tá como o diabo gosta.


Sem que precisasse esquentar muito os miolos, teve uma idéia... como díriamos? Diabólica! Pensou: qual é a maneira mais fácil e sensata de se entrar no céu? É o individuo se tornar um santo. Dito e feito. Lúcifer vestiu uma mortalha branca, botou uma auréola de arame na cabeça, calçou uns ´cãochutes´ novos, encenou um ar de santidade e se mandou.


Passou direitinho por São Pedro, que estava no maior ronco na portaria e nem notou a entrada do demônio.


É bom dizer que das profundezas, o cão - ou melhor, o santo - conduzia um frasco com um pouco de "água ardente" e uma tocha acêsa na ponta com uma brasa retirada dos infernos.


Lá, ele ofereceu isso a todos os convivas. Nenhum bicho aceitou. O passarinho, previdente, se negou a beber daquela água. A caipora também desculpou-se, embora tivesse adorado tragar a essência da chama acêsa. Interessado em proclamar sua vingança, o diabo deu de cara com o bicho-homem, que na festa se vangloriava ser a mais inteligente das criaturas, e que aceitou beber todo aquele vaporoso líquido. Bebeu e bebeu e bebeu até cair de quatro, enquanto Lúcifer aproveitava-se para firmar com ele um pacto demoniaco.

Dali em diante, toda vez que alguém da sua linha de sucessão provasse da água ardente trazida por ele dos quintos, bastava evocá-lo com um pequeno e simples gesto que ele, prontamente, atenderia a qualquer convocação. 

Dizem que é por isso que, até hoje, em qualquer botequim de beira de rua, tem sempre alguém derramando no pé do balcão a primeira dose dirigida ao santo. Que na verdade apenas se passara por ele.